sexta-feira, 12 de setembro de 2008
As palavras
... sim senhor, tudo o que queira, mas são as palavras as que cantam, as que sobem e baixam... Prosterno-me diante delas... Amo-as, uno-me a elas, persigo-as, mordo-as, derroto-as... Amo tanto as palavras...as inesperadas... As que avidamente a gente espera, espreita até que de repente caem... Vocábulos amados... Brilham como pedras coloridas, saltam como peixes de prata, são espuma, fio, metal, orvalho... Persigo algumas palavras... São tão belas que quero colocá-las todas em meu poema... Agarro-as no vôo, quando vão zumbindo, e capturo-as, limpo-as, aparo-as, preparo-me diante do prato, sinto-as cristalinas, vibrantes, ebúrneas, vegetais, oleosas, como frutas, como algas, como ágatas, como azeitonas... E então as revolvo, agito-as, bebo-as, sugo-as, trituro-as, adorno-as, liberto-as... Deixo-as como estalactites em meu poema, como pedacinhos de madeira polida, como carvão, como restos de naufrágio presentes da onda...
Pablo Neruda
Confesso que Vivi – no capítulo “As palavras”.
Enviado por Fernando Pacheco Jordão e Eduardo Matosinho
Foto de Zannaza69 (Itália) – mais fotos dela:
fiveprime.org/hivemind/User/zannaza69
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Um comentário:
Muito legal seu blog, meu primo. Fiquei feliz de ver o tio Fernando prestigiando este espaço. Tudo de bom para você e todos os que ama. Abraços, Marcos
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